Diário de um Canibal



Há uma semana, 3 dias, 9 horas e 27 minutos que não como uma refeição decente.

Sinto falta do cheiro, da cor, do sabor do sangue a jorrar da minha boca…

Hmmm… Só de pensar fico doido, completamente fora de controlo.

Devia ter deixado dois dos quatro turistas para mais tarde mas mal os vi aterrorizados a deambular pela ilha completamente desesperados de tão perdidos que estavam, não resisti a atacar os seus corpos apetitosos. Estava de tal forma faminto que em 15 minutos rasguei e trinquei os teus troncos, braços e pernas, deixando-os em farrapos. E deixei o melhor para o fim, as cabeças claro.

Mas que grande manjar dos deuses foi aquele… E agora aqui estou eu de novo em jejum.

Ainda me aventurei a provar alguns dos animais da ilha mas nada neste mundo se compara ao sabor fresco e revigorante da carne humana.

Desde que há dois anos matei a minha família num instinto de sobrevivência após um mês e meio sem comer perdidos na ilha depois de um acidente de avião, que não consigo parar de pensar naquele sabor delicioso que mudou para sempre a minha vida.

Renasci que nem Fénix. Adquiri novas habilidades que nunca pensei vir a ter, desde um sentido de olfacto mais apurado, a uma maior agilidade e uma visão quase cirúrgica sempre atenta a tudo o que me rodeia.

Naquele momento enlouqueci e mesmo após me aperceber do que acabara de fazer à minha própria família nem o mínimo de remorsos eu senti. O único sentimento presente era o de saciamento pela melhor refeição feita até ao momento.

Eu era e sou o rei desta ilha e não há turistas perdidos que não escapem aos meus dentes sedentos de sangue humano.